Por Rooney Argolo
Música baiana e cosmopolita
Amós Heber lança carreira solo com projeto In Cantos. No repertório, cinco novas composições e clássicos do samba-reggae, axé e MPB
A Bahia é a mãe da tropicália, do axé e do samba-reggae. Amós Heber, baiano de 27 anos, é filho da mistura. Da música que surge quando os tropicalistas encontram o balanço do recôncavo e o suingue da Jamaica. Tudo junto, pop, local e universal.
Esta é a proposta do projeto "In Cantos", lançado em 2011 pelo cantor. Nasceu das referências que formaram seu gosto e estética. Amós é compositor, intérprete e ouvinte. Ele organiza as referências, faz releituras e dá voz às canções que tocam nas ruas da Bahia e reverberam para o mundo.
Para divulgação, gravou um CD com sete músicas, que sintetizam as influências. Cinco faixas são autorais e duas são regravações. "Eu quero me mostrar para o mundo através daquilo que tenho de cosmopolita. A Bahia me deu mar, beleza, dendê, fé. Isso está no meu som", explica.
Na apresentação ao vivo, cabem também no repertório amplo e eclético Gilberto Gil, Caetano Veloso, Jau, Daniela Mercury, Margareth Menezes, Olodum, Gerônimo e Ile Aiyê.
Público – Amós Héber estuda canto desde os 16 anos. A experiência com os palcos já passa dos oito anos, antes mesmo de se formar em teatro pela Universidade Federal da Bahia. Ele dedicou esse tempo a aperfeiçoar interpretação e voz. Como ator, participou da peça Ó Paí Ó (Bando de Teatro Olodum), da minissérie Os Clandestinos (Rede Globo de Televisão) e do filme Batatinha e O Samba Oculto da Bahia (Pedro Abib).
A carreira de cantor começou em 2007, com a banda Taça de Vinho. O grupo, formado por amigos, se reunia todas as sextas-feiras no World Bar, da Barra, para tocar o que cada um gostava de ouvir. As apresentações aconteceram até o final de 2009.
Depois, Amós sentiu necessidade de dar mais personalidade ao som. Montou em 2010 a banda Uxás, da qual saíram composições como "Ri na Beira" e "Encanto Blue". Na busca por identidade e liberdade, já que uma não vive sem a outra, começa agora a carreira solo.
A experiência de anos com diversas platéias formou o artista. "Tenho identidade para meu som, mas sei que não basta isso. O palco é outra coisa, o show é o momento de contato. Interajo, declamo texto, faço performance. Sei dimensionar um show e adaptar ao público. É uma questão de jogo, diálogo, fazer papéis diferentes", afirma.